segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Abusos Sexuais: Comissão vai apresentar ao Papa propostas para proteção de menores e adultos vulneráveis

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Agência Ecclesia 12 de Setembro de 2016, às 13:37
Cardeal Seán Patrick O'Malley, presidente da CPPM
Conferências Episcopais chamadas a promover dia de oração pelas vítimas


Cidade do Vaticano, 12 set 2016 (Ecclesia) - A Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores (CPPM), criada pelo Papa, anunciou hoje que vai apresentar a Francisco um conjunto de “diretivas” para evitar e enfrentar eventuais casos de abusos sexuais na Igreja.

“A comissão desenvolveu um modelo de diretivas na proteção e salvaguarda das crianças, adolescentes e adultos vulneráveis que vão ser apresentadas em breve ao Santo Padre, para a sua consideração”, adianta uma nota da CPPM publicada hoje na sala de imprensa da Santa Sé.

O anúncio foi feito após a reunião de trabalho da comissão, durante uma semana, que decorreu em Roma.

O comunicado refere que uma vítima de abusos sexuais na sua infância propôs à CPPM a instituição de uma Jornada de Oração como parte do “processo de cura” e da “maior tomada de consciência” destes casos.

O Papa Francisco pediu por isso que as Conferências Episcopais dos vários países “escolham um dia apropriado para rezar pelos sobreviventes e as vítimas de abuso sexuais” como partes deste Dia Mundial de Oração.

A CPPM manifestou a sua “satisfação” com o facto de vários organismos episcopais estarem a dar “passos” para concretizar essa proposta.

O comunicado da comissão recorda ainda as recentes disposições do Papa Francisco em relação àresponsabilização de todos os que estiveram ligados ao “escândalo de abusos sexuais de menores por parte do clero”.

O Papa, sublinham os membros da CPPM, foi “mais longe”, estendendo a responsabilidade dos bispos a outros cargos na Igreja Católica.

A comissão anunciou ainda a intenção de criar um sítio oficial na internet, para “impulsionar os esforços” de colaboração com as dioceses e institutos religiosos para fazer da Igreja e da sociedade “um lar seguro para todos”.

A Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores foi criada pelo Papa Francisco em março de 2014.

OC

sábado, 10 de setembro de 2016

Papa: Francisco critica escravidão da liberdade e propõe misericórdia de Deus

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Agência Ecclesia 10 de Setembro de 2016, às 14:23
LFS/Agência ECCLESIA - Papa Francisco na Praça de São Pedro
«Momentos difíceis» são «prova certa de que Deus não nos abandona»

Cidade do Vaticano, 10 set 2016 (Ecclesia) – O Papa criticou hoje aqueles que em nome da liberdade se tornam escravos, indiferentes e autosuficientes.

“Quantas novas escravidões são criadas nos nossos dias em nome de uma falsa liberdade. «Faço isso porque quero, consumo droga porque gosto, sou livre». São escravos em nome da liberdade. Todos nós conhecemos pessoas assim que, no final, acabam por terra. Precisamos que Deus nos liberte de toda forma de indiferença, de egoísmo e de autosuficiência”, afirmou Francisco esta manhã, na Praça de São Pedro, durante a audiência Jubilar, no âmbito do ano da Misericórdia, que dedicou ao tema da redenção.

O Papa refletiu sobre a autosuficiência do homem, “que se vangloria”, considerando que a “sua liberdade” lhe vai oferecer tudo.

Francisco sublinhou a importância de nos “momentos difíceis da vida” o homem olhar para “Jesus crucificado” como “prova certa de que Deus não nos abandona”.

“Jamais nos esqueçamos de que nas angústias e nas perseguições, assim como nas dores diárias, somos sempre libertados pela mão misericordiosa de Deus, que nos eleva e nos conduz a uma vida nova.”

O Papa lembrou um amor “sem limites”, “sobretudo pelo pequenos, pelos pobres”.

“Quanto mais necessitamos, mais o seu olhar sobre nós se enche de misericórdia. Ele nos perdoa sempre.”

Durante a saudação em diferentes línguas às pessoas presentes na praça de São Pedro, Francisco enalteceu os membros da Proteção Civil, que deveriam ter participado na audiência, mas anularam a sua presença para continuar os socorros e a assistência às populações atingidas pelo terramoto de 24 de agosto, nas localidades de Amatrice, Accumoli e Pescara del Tronto, no centro de Itália.

Fonte http://www.agencia.ecclesia.pt/

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Vaticano: Jubileu da Misericórdia já atraiu «mais de 15 milhões de peregrinos»

Agência Ecclesia 09 de Setembro de 2016, às 15:51
   

DR























Cerimónia de canonização de Madre Teresa de Calcutá foi uma das iniciativas que levou mais pessoas a Roma

Cidade do Vaticano, 09 jun 2016 (Ecclesia) – O Jubileu da Misericórdia, que a Igreja Católica está a viver, já levou ao Vaticano “mais de 15 milhões de peregrinos”, adiantou hoje a Santa Sé.

Em declarações à Rádio Vaticano, o padre Geson Sylva, membro do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, considera este número como “incrível” e destaca o facto do fluxo de pessoas sempre ter sido constante, mesmo num mês de agosto por exemplo, que é tradicionalmente dedicado às férias.

“As pessoas que vêm representam um sinal de graça e ensinam o quanto é importante a misericórdia em todo o mundo. Nestes meses finais, teremos ainda mais peregrinos”, antecipou o sacerdote.

O Jubileu da Misericórdia foi lançado pelo Papa Francisco a 13 de março de 2015 e começou no dia 08 de dezembro, como forma de exprimir a misericórdia da Igreja Católica por todas as periferias existenciais.

“Desde os mais pobres aos que sofrem, passando pelos marginalizados e todos aqueles que precisam de um sinal de ternura”, salientou na altura a Santa Sé.

Para o padre Geson Sylva, agora que se aproxima o final do evento (20 de novembro) importa “continuar no caminho da misericórdia”.

“Quando a Porta Santa se fechar, a misericórdia vai prevalecer. E isto é muito importante. Depois veremos como promover a misericórdia, no contexto da nova evangelização. Na minha opinião, esta será a próxima etapa”, sustentou.

O número de peregrinos que se deslocou até agora ao Vaticano, no contexto deste Ano Santo, é calculado a partir da inscrição que é necessária fazer para atravessar a Porta Santa da Basílica de São Pedro e para participar nos eventos jubilares.

Uma das iniciativas que mais contribuiu recentemente para o aumento do número de peregrinos em Roma foi a canonização de Madre Teresa de Calcutá, que teve lugar no dia 04 de setembro.

Outros eventos em destaque foram a exposição dos corpos do padre Pio de Pietralcina e de São Leopoldo Mandic; e as audiências extraordinárias do Papa Francisco, integradas no jubileu, uma vez por mês ao sábado.

Até hoje houve 26 anos santos ordinários e dois extraordinários (anos santos da Redenção): em 1933 (Pio IX) e 1983 (João Paulo II).

JCP

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Pequena, Grande Santa!!!

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A grandeza de 1,50m!
Hoje, 4 de Setembro, foi canonizada uma GRANDE MULHER, que tinha à volta de 1,50m de altura. Pequenina, curvada e a tremer, transmitia uma energia que só podia vir de Deus.
A grandeza da Madre Teresa está na dádiva total da sua vida aos que não contavam na sociedade. Foi um vida feita de encontros com os marginalizados, os abandonados e os desprezados duma Humanidade demasiado desigual e injusta. Às vezes não foi possível fazer mais do que devolver a dignidade a pessoas que estavam condenadas a morte certa, procurando proporcionar-lhes um fim o mais humano e digno possível.
Obrigado, Madre Teresa, por tanta dedicação, por tanto amor aos que ninguém amava.
Obrigado pelo sorriso de fé e de esperança.
Obrigado por aquele olhar, por aquela palavra e por aquele abraço na Igreja de São Jorge de Arroios, nos anos 80, que ainda hoje me causam arrepios de emoção!
Ajude-nos, Madre Teresa, a imitar a generosidade do seu dom, a grandeza da sua dedicação, a imensidão da sua caridade, a força da sua fé e esperança, para que sejamos capazes de vencer a indiferença e de abrir sorrisos de nova esperança nas vidas desfeitas com que nos cruzamos quotidianamente.
P. José Agostinho Sousa
Fonte http://www.dehonianos.pt/

domingo, 4 de setembro de 2016

Papa: Madre Teresa foi dispensadora generosa da misericórdia divina

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Cidade do Vaticano (RV) - A missão de Madre Teresa de Calcutá “permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres”: disse o Papa Francisco na missa de canonização da religiosa fundadora das Missionárias da Misericórdia, cuja celebração foi presidida na Praça São Pedro, lotada por cerca de 120 mil fiéis e peregrinos provenientes de todas as partes do mundo. 


Uma dia de festa para a Igreja e para o mundo, para todos homens e mulheres de boa vontade que conheceram nesta religiosa de origem albanesa uma gigante da caridade dos nossos dias, apresentada pelo Pontífice ao mundo do voluntariado – que nestes dias celebra seu Jubileu – “como modelo de santidade para todos os Agentes de Misericórdia.


Partindo da passagem do livro da Sabedoria (9,13) em que o autor sapiencial pergunta “Qual o homem que conhece os desígnios de Deus?”, o Pontífice afirmou que esta interrogação presente na liturgia dominical apresenta a nossa vida como um mistério, cuja chave de interpretação não está em nossa posse.


“Os protagonistas da história são sempre dois: Deus de um lado e os homens do outro. A nossa missão é perceber a chamada de Deus e aceitar a sua vontade. Mas para aceitá-la sem hesitar, perguntemo-nos: qual é a vontade de Deus na minha vida?”, continuou Francisco.


“Para Deus são agradáveis todas as obras de misericórdia, porque no irmão que ajudamos, reconhecemos o rosto de Deus que ninguém pode ver (cf. Jo 1,18). Todas as vezes em que nos inclinamos às necessidades dos irmãos, dêmos de comer e beber a Jesus; vestimos, apoiamos e visitamos o Filho de Deus (cf. Mt 25,40).


“Somos chamados a por em prática o que pedimos na oração e professamos na fé.” Dito isso, o Santo Padre fez uma premente advertência: “Não existe alternativa para a caridade; quem se põe ao serviço dos irmãos, embora não o saibamos, são aqueles que amam a Deus.


A vida cristã, observou, não é uma simples ajuda oferecida nos momentos de necessidade. “Se assim fosse, certamente seria um belo sentimento de solidariedade humana, que provoca um benefício imediato, mas seria estéril, porque careceria de raízes. O compromisso que o Senhor pede, pelo contrário, é o de uma vocação para a caridade com que cada discípulo de Cristo põe ao seu serviço a própria vida, para crescer no amor todos os dias.”


Após ressaltar que na página do Evangelho proposto na liturgia do dia ouvimos que “seguiam com Jesus grandes multidões” (Lc 14,25), hoje, a “grande multidão” é representada pelo “vasto mundo do voluntariado, aqui reunido por ocasião do Jubileu da Misericórdia. Sois aquela multidão que segue o Mestre, e que torna visível o seu amor concreto por cada pessoa”, disse o Pontífice dirigindo-se diretamente a eles.


“Quantos corações os voluntários confortam! Quantas mãos apoiam; quantas lágrimas enxugam; quanto amor é derramado no serviço escondido, humilde e desinteressado! Este serviço louvável dá voz à fé e manifesta a misericórdia do Pai que se faz próximo daqueles que passam por necessidade.”


Francisco lembrou que seguir Jesus é um compromisso sério e ao mesmo tempo alegre; “exige radicalidade e coragem para reconhecer o divino Mestre no mais pobre e colocar-se ao seu serviço”.


“Para isso, os voluntários que servem os últimos e necessitados por amor de Jesus não esperam nenhum agradecimento ou gratificação, mas renunciam tudo isso porque encontraram o amor verdadeiro.”


Como o Senhor veio até mim e se inclinou sobre mim na hora da necessidade, continuou, “assim vou ao seu encontro e me inclino sobre aqueles que perderam a fé ou vivem como se Deus não existisse, sobre os jovens sem valores e ideais, sobre as famílias em crise, sobre os enfermos e os prisioneiros, sobre os refugiados e imigrantes, sobre os fracos e desamparados no corpo e no espírito, sobre os menores abandonados à própria sorte, bem como sobre os idosos deixados sozinhos.”


“Onde quer que haja uma mão estendida pedindo ajuda para levantar-se, ali deve estar a nossa presença e a presença da Igreja, que apoia e dá esperança”, afirmou Francisco com veemência.


“Madre Teresa, ao longo de toda a sua existência, foi uma dispensadora generosa da misericórdia divina, fazendo-se disponível a todos, através do acolhimento e da defesa da vida humana, dos nascituros e daqueles abandonados e descartados. Comprometeu-se na defesa da vida, proclamando incessantemente que «quem ainda não nasceu é o mais fraco, o menor, o mais miserável».”


Referindo-se ainda sobre a nova Santa, disse que a fundadora das Missionárias da Caridade se inclinou “sobre as pessoas indefesas, deixadas moribundas à beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes dera; fez ouvir a sua voz aos poderosos da terra, para que reconhecessem a sua culpa diante dos crimes da pobreza criada por eles mesmos.”


A misericórdia foi para ela, recordou Francisco, “sal”, que dava sabor a todas as suas obras, e a luz que iluminava a escuridão de todos aqueles que nem sequer tinham mais lágrimas para chorar pela sua pobreza e sofrimento.


“A sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres. Hoje entrego a todo o mundo do voluntariado esta figura emblemática de mulher e de consagrada: que ela seja o vosso modelo de santidade!”


“Que esta incansável agente de misericórdia nos ajude a entender mais e mais que o nosso único critério de ação é o amor gratuito, livre de qualquer ideologia e de qualquer vínculo e que é derramado sobre todos sem distinção de língua, cultura, raça ou religião.”


Madre Teresa gostava de dizer: «Talvez não fale a língua deles, mas posso sorrir». “Levemos no coração o seu sorriso e o ofereçamos a quem encontremos no nosso caminho, especialmente àqueles que sofrem. Assim abriremos horizontes de alegria e de esperança numa humanidade tão desesperançada e necessitada de compreensão e ternura”, concluiu o Papa. Reveja a íntegra da canonização

Como funciona a máquina de fazer santos da Igreja Católica

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Pablo EsparzaEnviado especial da BBC Mundo ao Vaticano


Papa Francisco em cerimônia de canonização de Madre Teresa de Calcutá no VaticanoImage copyrightAP
Image captionPapa Francisco aceitou em 2015 o segundo milagres atribuído a Madre Teresa de Calcutá, um deles no Brasil

Uma vida repleta de virtudes heroicas, exemplos de fé e devoção a Deus. Some-se a isso dois milagres comprovados e estão cumpridos basicamente os requisitos mínimos para se criar um santo da Igreja Católica.

O processo, no entanto, depende de uma máquina burocrática complexa em que qualquer desvio de caráter pode custar o título ao candidato - e a certeza de que, invariavelmente, cairá no esquecimento dos fiéis.


Na Igreja Católica, a canonização normalmente leva tempo e depende de inúmeras circunstâncias legais, mas, de tão azeitada, a engrenagem foi apelidada de "fábrica de santos".


É o que acaba de acontecer a Madre Teresa de Calcutá, a freira católica que ficou famosa por ajudar os pobres na cidade indiana, que foi canonizada pelo papa Francisco neste domingo.


Ela fundou as Missionárias da Caridade, congregação que atualmente tem mais de 3 mil freiras espalhadas pelo mundo, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1979 e morreu aos 87 anos, em 1997.


Cinco anos depois, o papa João Paulo 2º aceitou seu primeiro milagre - a cura de uma mulher de uma tribo de Bangladesh com um tumor abdominal -, o que abriu caminho para sua beatificação em 2003.


O papa Francisco reconheceu em 2015 um segundo milagre, envolvendo um brasileiro que tinha tumores no cérebro e foi declarado curado em 2008.
'Ministério da Santidade'


Cabe à Congregação para as Causas dos Santos a função de "regular o exercício do culto divino e de estudar as causas dos santos". Por esse "ministério da santidade", dirigido pelo cardeal italiano Angelo Amato, passam as "fichas" dos candidatos à canonização.


No entanto, a palavra final sempre é do papa, o único com poder para decretar, de fato, a santidade de um homem ou mulher. Nas últimas décadas, esse poder vem sendo exercido cada vez com mais assiduidade.


Durante seu papado, João Paulo 2º nomeou mais de 480 santos, mais de quatro vezes o que restante dos pontífices do século 20, juntos, canonizaram.


Apesar de o ritmo ter sido reduzido por Bento 16, que canonizou 44 santos durante seu curto papado, Francisco dá sinais claros de querer retomá-lo. Só em seu primeiro ano como pontífice, o argentino realizou mais de dez canonizações.


Em uma delas, Francisco canonizou de uma vez só 800 mártires, os chamados "mártires de Otranto", que, por razões metodológicas, são contabilizados como uma única canonização.


Segundo especialistas, essa proliferação dos santos se deveu à reforma do processo de canonização nas últimas décadas. O próprio papa João Paulo 2º tratou de simplificá-lo em 1983.


Enquanto alguns criticam a multiplicação e o ritmo acelerado das canonizações, considerando que isso diminui o valor da santidade, a Igreja busca estabelecer "exemplos de vida" mais próximos dos cristãos contemporâneos.
Quem pode ser santo?

FreirasImage copyrightAP
Image captionFreiras missionárias foram ao Vaticano para acompanhar de perto a cerimônia de caninozação de Madre Teresa



A santidade, como tantos outros temas relacionados com a religião, é uma questão de fé.


"Qualquer um pode ser canonizado, independentemente de sua origem, condição social ou raça... É preciso apenas que tenha tido uma vida de santidade, que tenha vivido as virtudes cristãs de um modo heroico e que haja ausência de obstáculos insuperáveis", afirmou à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, o bispo Santiago Blanco, juiz delegado da Congregação para as Causas dos Santos na Argentina.


No entanto, para que o processo de canonização seja iniciado, o nome do candidato deve ser proposto à diocese, geralmente do lugar onde morreu. Este é considerado o primeiro "filtro" rumo à canonização.


"Todo cristão pode propôr o nome de alguém, mas geralmente os nomes são propostos por dioceses, comunidades religiosas de homens ou mulheres ou grupos de leigos", disse à BBC Mundo Gerardo Sanchéz, juiz supremo para as Causas dos Santos do arcebispado da Cidade do México.
Sem obstáculos


"Em primeiro lugar, a história do candidato é analisada, incluindo depoimentos de pessoas que conviveram com ele. Em seguida, o bispo pergunta às outras dioceses do país se o caso deve ser aberto. E depois disso a petição segue a Roma onde recebe o nihil obstat, uma espécie de certificado de que não há obstáculos insuperáveis que tornem impossível o início do caso", acrescentou Blanco.


Após esta etapa, a primeira das duas etapas do processo de canonização, começa a "fase diocesana", que, uma vez concluída, dá lugar à "fase romana".


Na fase diocesana, o bispo do local que indicou o nome para a canonização forma um tribunal ou comissão de investigação que estuda em detalhes a história do indivíduo, de sua família e do contexto em que ele viveu.


"Se for um caso atual, de 30 anos para cá, é preciso haver citação de testemunhas. Se for um caso histórico, o processo se baseia em documentos históricos", diz Gerardo Sánchez.


"Por fim, os documentos são transferidos a Roma para o início da fase romana. Um relator é nomeado pela Igreja para estudar a documentação e elaborar uma positio, espécie de tese de doutorado na que deve expôr argumentos que demonstrem que a pessoa viveu heroicamente as virtudes da fé."

Freiras indianas da organização de Madre Teresa assistem a sua canonização pela TVImage copyrightAFP
Image captionOrganização criada pela madre administra 19 centros e reúne mais de 3 mil freiras em todo o mundo


Milagres


Para concluir o processo de canonização, a Igreja pede a comprovação de dois milagres atribuídos ao possível santo.


No entanto, o papa pode dispensá-lo desta condição. Isso aconteceu, por exemplo, com João 23, que nomeou São Francisco com apenas um milagre reconhecido.


De acordo com Santiago Blanco, os "mártires" também estão isentos dessa premissa, uma vez que, segundo a Igreja, eles "morreram como resultado de sua fé".


A verificação de um milagre é talvez um dos problemas mais complexos e controversos para a Igreja. Ela acontece em um processo separado, mas também em duas fases, uma na diocese que indicou o nome do candidato a santo e uma em Roma.


A fase romana inclui a revisão do caso por um tribunal médico e por outro, de peritos teólogos, antes que uma comissão de bispos e cardeais faça sua avaliação. "Se o parecer for favorável, cabe apenas ao Santo Padre assinar o decreto de canonização", diz Blanco.


O que significa ser santo?


Ao ser canonizada, a pessoa é considerada um modelo para a Igreja em todo o mundo. Enquanto o culto dos beatos é local, o dos santos pode ser exercido em qualquer lugar.


"Teologicamente, (a canonização) significa que podemos garantir sem risco de errar que essa pessoa está nos céus", disse à BBC Fermín Labarga, professor de Direito Canônico na Universidade de Navarra, na Espanha.


"Ao canonizar, o papa exerce a sua infalibilidade (dogma da Igreja segundo o qual o papa não se engana em questões de fé e moral). Não resta dúvida de que isto é um fato do ponto de vista da fé", conclui Labarga.